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terça-feira, 3 de novembro de 2009

ACONTECE EM PORTUGAL

Há mais pessoas com dependência de álcool a procurar tratamento em centros públicos

Por Catarina Gomes Plano Nacional de Redução dos Problemas ligados ao Álcool ainda não foi aprovado em Conselho de Ministros


O número de novos utentes que procura tratamento para dependências estava a descer, mas no espaço de um ano houve mais 1895 primeiras consultas (de 2007 para 2008) nos centros do Instituto da Droga e da Toxicodependência - uma diferença que se fica sobretudo a dever à procura de doentes alcoólicos, afirma Manuel Cardoso, membro do conselho directivo do Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT).O último estudo nacional sobre consumo de substâncias psicoactivas em Portugal deu conta de um aumento da prevalência do consumo de bebidas alcoólicas ao longo da vida na população em geral: de 75,6 para cento em 2001 para 79,1 por cento em 2007. Mas Manuel Cardoso não considera que a subida na procura de serviços seja um reflexo disso, isto porque o consumo excessivo é uma coisa diferente da dependência.
Na sua opinião, a diferença de primeiras consultas é o resultado do alargamento do mapa de tratamento que resultou da reorganização dos serviços. Foi em 2006 que o IDT passou a abranger também o tratamento do alcoolismo, além das toxicodependências, passando a integrar os três centros regionais de alcoologia (Lisboa, Porto e Coimbra) e abrindo portas a doentes alcoólicos nos antigos centros de atendimento a toxicodependentes.
Os números de primeiras consultas foram fornecidos pelos 23 centros de respostas integradas (antigos CAT) espalhados pelo país e Manuel Cardoso acredita que grande parte destes novos utentes sejam pessoas que dantes não tinham acesso a tratamento para o alcoolismo. O responsável dá um exemplo: os alcoólicos no Alentejo e Algarve que quisessem procurar tratamento apenas tinham solução em Lisboa (no antigo centro regional de alcoologia do Sul) e agora já têm solução mais perto de casa.
Os números ainda não foram analisados mas o responsável afirma que esta é a única explicação para a subida de um número que se tinha mantido estável nos últimos anos, até porque não havia listas de espera no caso dos toxicodependentes: em 2003 houve 5216 novos utentes, em 2004 foram 5023, no ano seguinte desceu (4844) e em 2006 os que procuram tratamento pela primeira vez foram ainda menos (4745). Já de 2007 para 2008 passou-se de 5124 para 7019: a tal diferença de 1895 novos utentes, uma tendência que os números de 2009 parecem vir confirmar, adianta Mantuel Cardoso.
Reorganização atrasada
O processo de reorganização das estrutura de tratamento continua no terreno mas há atrasos, diz. A ideia é que nos centros de saúde passe a haver solução "para pessoas com problemas de álcool" e que só os utentes com dependência sejam referenciadas para a rede especializada.
Manuel Cardoso lembra, a este propósito, que o Plano Nacional de Redução dos Problemas ligados ao Álcool ainda não foi aprovado em Conselho de Ministros, embora a sua data de aplicação devesse iniciar-se este ano, para terminar em 2012. Uma das propostas mais polémicas prevê a alteração da idade legal para a compra e o consumo de bebidas alcoólicas em locais públicos, de 16 para 18 anos.
Três Grupos de Alcoólicos Anónimos de Lisboa realizam hoje na capital mais uma reunião pública de divulgação do programa da organização que nasceu nos Estados Unidos. Jorge L., membro da comissão de informação pública, afirma que não registam grande aumento de procura. Recebem diariamente uma média de 13 chamadas e cinco emails com pedidos de informação mas continuam a nascer novos grupos - foi o caso do de Águeda e da Batalha e foi reaberto o de Torres Vedras. A idade média dos membros anda pelos 47 anos, a maior parte são homens (75 por cento) e metade dizem que foi um profissional de saúde que lhes sugeriu a ida para o grupo.

http://jornal.publico.clix.pt/noticia/03-11-2009/ha-mais-pessoas-com-dependencia-de

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